segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Beatificação de Cristóvão Colombo [Fr. JOAQUIM, Bispo de Barcelona - 1876]

 

O Boletim eclesiástico do bispado de Barcelona publica o seguinte documento:

Suplica para obter de Sua Santidade a assinatura do decreto de beatificação do servo de Deus Cristóvão Colombo.

 

Santíssimo Padre. – Piamente se crê que o arrojado navegante genovês Cristóvão Colombo foi escolhido pela divina Providência para descobrir as regiões d’além do Oceano, desconhecidas no seu tempo, afim de que aí brilhasse a luz do Evangelho, e, dissipadas as trevas em que jaziam os seus habitantes, eles fossem atraídos por meio do sagrado batismo ao grêmio da Igreja católica, fora da qual não pode haver salvação.

Sabido é quantas tribulações e trabalhos, com grande paciência e invencível constância, sofreu Colombo pacificamente e com ânimo imperturbável para levar a cabo sua missão providencial; e quantos exemplos de virtudes deu a seus contemporâneos e legou aos vindouros, sendo por esse motivo desde então seu nome cercado de veneração.

Também essa Sé Apostólica, reconhecendo a superior missão deste preclaríssimo varão, o honrou com o cargo de legado apostólico que fielmente desempenhou, abrasado de ardentíssimo zelo, com uma fé firme, inabalável esperança e caridade celestial.

Movidos destas razões, primeiramente o Exm. Príncipe Cardeal Fernando Donnet, Arcebispo de Bordeaux, e depois outros muitos prelados da Igreja católica, pediram a Vossa Santidade se dignasse introduzir a causa do referido preclaro varão e servo de Deus, para que lhe pudessem ser decretadas por essa Santa Sé Apostólica as honras públicas da Igreja, guardada a ordem excepcional.

A estes votos e suplicas junta humildemente a sua petição o Bispo abaixo assinado, o qual, ainda que indigno, ocupa a sede desta famosíssima cidade de Barcelona, onde se achavam os reis católicos Fernando e Isabel, quando Colombo, voltando com a ajuda de Deus incólume do Novo Mundo, depois de sua primeira navegação dificílima e cheia de perigos, lhes apresentou as primícias dos povos daquelas regiões, até então desconhecidas, e onde provavelmente foram batizados os naturais das Índias.

Achamo-nos presentemente nem tempo em que muitos, obcecados pelos erros do naturalismo e racionalismo, atribuem todos os acontecimentos do mundo a causas puramente naturais, negando a intervenção de Deus, causa primaria de todas as coisas, Supremo Autor e primeiro motor: e assim contribuirá muito para combater estes erros que seja reconhecido o dedo de Deus naquele importantíssimo sucesso que abriu no Novo Mundo imensas regiões à propagação da fé católica, e que Colombo, seu instrumento e ministro, dotado de tão relevantes virtudes, seja honrado e venerado como enviado de Deus para tamanha empresa.

Tudo isto, Santíssimo Padre, move o Bispo abaixo assinado a suplicar com instancia e encarecimento a Vossa Santidade que se digne firmar, com dispensas necessárias, a introdução da causa do mui esclarecido servo de Deus Cristóvão Colombo, e no entretanto implora para si e para o rebanho a ele confiado a vossa apostólica benção.

Barcelona, 3 de Setembro de 1876.

 †Fr. JOAQUIM, Bispo de Barcelona*.

 * Joaquín Lluch y Garriga, O.C.D. (1816–1882)



 

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