segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A paz sem Deus é um absurdo [Pe. Julio Meinvielle]

 


[…] não há nada de estável na política do mundo moderno, não há, portanto, Verdade. E negar a existência de uma verdade imutável é o mesmo que negar a existência de uma ordem, já que a verdade é o pensamento de acordo com o real, o real natural e sobrenatural, natureza e graça, quer dizer, aquela ordem que a Cristandade conheceu, a ordem estabelecida pelo suave jugo de Cristo.

Nestas condições não se pode estabelecer uma ordem durável; se condena à desordem de uma instabilidade permanente, que é o estado natural da revolução. As guerras e os conflitos mais e mais próximos e sangrentos são inevitáveis à medida que se quer o devir, a mudança pura e simples, e não o Ser.

O desejo de paz está seguramente no coração de cada um, mas supor a paz sem Deus é um absurdo, porque sem Ele, a justiça se afasta e toda esperança de paz se converte em quimera.

Justamente o mundo contemporâneo proclama a paz em nome dos sonhos pacifistas de um sincretismo religioso e filosófico, sob pretexto de manifestar o que une e não fazer alusão ao que separa ou distingue.

Começa assim o maior pecado que há contra Deus, que veio sobre a terra para separar o bem do mal, o erro e a mentira da verdade; e hoje, ao contrário, se mescla o bem e o mal, a verdade e o erro, os sexos, tudo se mescla. Já que as guerras são consequências dos pecados dos homens, o pecado do espírito não pode senão afastar a paz e trazer sobre as nações os piores castigos.

Não é por acaso que no começo do século XX, em 1917, a própria Mãe de Deus veio nos advertir, em Fátima, que se não houvesse mudança de vida, se não se escutasse suas suplicas, haveria guerras e perseguições que causariam o aniquilamento de grandes nações.

A paz do mundo, como nas famílias e nos indivíduos, será sempre proporcional à submissão à ordem, será sempre proporcional ao grau de união com Deus; desprezado o suave jugo de Nosso Senhor Jesus Cristo, a realeza de Cristo, quer dizer, repudiando até mesmo a noção de Cristandade, nosso mundo entrou em revolta, em rebelião, em revolução; caiu sob o poder do príncipe deste mundo, Satanás, que como dizia Cristo, é homicida desde o começo.

Aqui se nota a especial relevância que tem a noção de Cristandade para todo ordenamento político, tanto nacional como internacional, noção que envolve a submissão das nações e do mundo ao suave jugo de Jesus Cristo.

Por isso, a festividade de Cristo Rei proclama a necessidade de que o mundo se submeta a Jesus Cristo não apenas como verdade religiosa, mas como verdade política; proclama a necessidade absoluta para o homem – criatura e pecador – de encontrar seu vigor temporal em Jesus Cristo, o Unigênito do Pai que tomou nossa humanidade no seio da Virgem Mãe. Sem Jesus Cristo o indivíduo, as nações e o mundo marcham aceleradamente para a catástrofe.

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Pe. Julio Menvielle [1905-1973]. Claves Para Entender El Error Progresista.

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