quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Modernismo no culto de Maria (Pe. Júlio Maria de Lombaerde)


Como! O Modernismo se terá envolvido verdadeiramente no culto da divina Mãe de Jesus?
Mostrei precedentemente a ligação estreita que existe entre a verdade e a Virgem Maria. Atacar uma é atacar a outra. O inferno varia seus ataques: ora ataca diretamente a Jesus Cristo, a fim de atingir indiretamente, mas, entretanto de um modo seguro à Virgem Maria; ora ataca diretamente a Maria a fim de destronar seu divino Filho.
O modernismo se distingue das heresias passadas no modo de atacar a doutrina, querendo tudo submeter ao critério da razão. É o produto direto do espírito que domina nosso século: o orgulho e a independência. Quer-se julgar, julgar tudo e tudo pesar; não com aquele respeito e veneração que caracterizavam nossos pais, mas com um espírito prevenido e com uma mão brutal.
Compreende-se que o culto da Virgem, dote das almas puras humildes e submissas, não recebe da parte desses críticos, senão um sorriso de compaixão e desdém.
Como não podem atacá-lo diretamente, pois é enraizado no evangelho e deriva de seus dogmas, os mais sagrados; acusam-no de exagerado, de delírio e entusiasmo exaltado, e pede-nos muito cortesmente para usar em nossa devoção de um proceder mais razoável e mais seguro.
Não é isto o modernismo com toda sua força, tão insinuante como traidora; tão deletéria como anticristã?
Ah! dizei-me se não tenho razão de soltar este grito de alarme; e de soltá-lo com toda indignação contra o inferno e seus agentes; e de compaixão por suas vítimas? Sim às armas! Às armas!
Vi levantar-se da sombra a besta do apocalipse... ela perseguia a mulher bendita, procurava aniquilá-la, mordê-la ao menos no calcanhar!
Mas não, não será assim. Nós estamos aqui; nós, seus padres, estamos de pé e a exemplo de nosso Pai Pio X, tão terno e enérgico, estamos prontos à luta, prontos a combater e a morrer.
Não somos nós a vanguarda da Virgem?
Compete-nos receber os primeiros golpes, ser os primeiros combatentes e mostrar à serpente infernal que os filhos da Virgem são seus inimigos natos; e que existe para sempre uma inimizade irreconciliável entre a raça da Imaculada e a raça do inferno.
Terna mãe, contai conosco. Vossa sentinela está desperta... e como a de um grande imperador, intimada a se render, exclama: A guarda morre mas não se rende!
Com o nosso chefe supremo, o infalível Pontífice romano, temos rejeitados, execrado e amaldiçoado o modernismo no seu princípio e em todas as aplicações. Sob qualquer forma que se manifeste, é um inimigo para se combater.
Introduz-se no culto de nossa Mãe, ia dizer, de nossa divina, encantadora e incomparável Mãe.
Ataquemo-lo, esmaguemo-lo! E seja tal o seu aniquilamento que nunca mais se atreva a tornar a levantar-se, nem a manchar com o seu lodo, a cândida e radiosa imagem da Virgem Imaculada.
Ah! A emoção apoderou-se demasiadamente de mim; oprime-me e impede-me quase de raciocinar com toda a calma que pede o exemplo.
Queiram perdoar-me; mas meu coração de filho revoltasse ao pensamento que se ataca minha mãe, e que, sob pretexto bem regular o seu culto, queriam encerrá-lo entre grades de ferro, feitas para lhe tirar todo o desenvolvimento e por consequência para matá-lo. Mas precisemos claramente os princípios do erro e ataquemo-los logo com toda a indignação que merecem.
***

Pe. Júlio Maria de Lombaerde. Grito de alarme: ante um insulto infernal contra o culto da Virgem Imaculada, p. 15-17.
Pe. Júlio Maria de Lombaerde (1878-1944)

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