Em 1639, desposavam-se Cláudio Alacoque e Felisberta Lamyn, ambos da
alta nobreza da França. Deste consorcio nasceram vários filhos, entre
os quais Margarida Maria que, mais tarde, se tornaria celebre tanto pelas suas
virtudes pessoais como pelas obras portentosas a que deu grande impulso,
mormente, pela sua extraordinária devoção ao Sacratíssimo Coração de Jesus.
Esmeradamente educada no castelo da família, Margarida Maria, aos 18
anos de idade, passou pelo duro golpe de perder o extremoso progenitor.
Felisberta Lamyn enviuvou, ficando a seu cargo a administração dos vastos bens
que Cláudio Alacoque lhe deixara em testamento.
Atarefadíssima com os negócios da família, Felisberta Lamyn entregou
sua filha Margarida Maria aos cuidados de ilustradas religiosas que, naquela
cidade, dirigiam conceituado estabelecimento de ensino e de educação.
Primorosamente preparada tanto pela progenitora antes de sua viuvez, como peIas
religiosas, aos nove anos de idade, Margarida Maria pode abeirar-se, pela vez
primeira, à Mesa da Comunhão. No recinto colegial, Margarida Maria adoeceu
gravemente, vendo-se constrangida a voltar junto à mãe, fazendo, ao mesmo
tempo, a promessa de abraçar a vida religiosa, caso recuperasse a saúde. Devido
aos cuidados maternos, ficou plenamente restabelecida da moléstia. Em vez de
dar tratos de cumprir sua promessa viveu largo tempo esquecida dela, até que
Deus lhe enviou outra enfermidade que a levou aos vestíbulos da campa.
Na tribulação, recordou-se novamente da sua promessa de consagrar-se,
no claustro, inteiramente a Deus. E de fato, a graça, agora, leva de vencida a
natureza. Desprezando várias ofertas de núpcias, ingressou no convento da
Visitação em 19 de junho de 1671.
Este gesto altivo, Deus recompensou-o mui galhardamente. De uma
devoção acrisolada ao Santíssimo Sacramento, Jesus dignou-se aparecer diversas
vezes à Margarida Maria. Em aparições reiteradas, o Divino Mestre solicitou de
sua serva que se empenhasse na celebração
da primeira sexta-feira de cada mês com a respectiva Comunhão reparadora,
e, na instituição de uma festa ao Divino
Coração, na primeira sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi.
Noutra aparição, o Divino
Redentor fez-lhe doze promessas em favor dos devotos do Sagrado Coração. A
segunda e a nona destas doze promessas são do teor seguinte:
- Darei paz às famílias e abençoarei as casas
onde estiver exposta e for venerada a Sagrada Imagem do meu Coração amantíssimo.
Destas duas promessas originou-se o costume de entronizar a imagem do
Sagrado Coração de Jesus nos lares, piedosa devoção essa destinada, pelo culto
do Divino Coração, a atrair sobre as famílias cristãs a paz e a benção do
amantíssimo Senhor.
De origem, aliás, antiga, este piedoso costume de
consagrar as famílias aos desvelos do Divino Coração teve enorme impulso pelo
sacerdote Matheus Crawley Boevey. Vivendo
este padre na República do Chile e, sofrendo de moléstia que julgava incurável,
peregrinou ao Santuário de
Paray-le-Monial, em França, onde se veneram os restos mortais de Santa
Margarida Maria Alacoque e ali obteve cura milagrosa da pertinaz enfermidade.
Em reconhecimento, prometeu interessar-se com todas as veras, pela entronização
nos lares cristãos, da sagrada imagem do Coração de Jesus. O Papa Pio X, a quem
expôs seus projetos, animou-o vivamente, aprovando sua obra e concedendo à
mesma várias indulgencias. Foi tão rápida a difusão do piedoso exercício de
consagrar as famílias ao Divino Coração, que devido principalmente aos esforços
do incansável Padre Matheus Crawley Boevey, trampos, a breve trecho, as
fronteiras do Chile, estendeu-se sobre toda a América, passando, em breve, para
os outros continentes do globo. Em 1915, orçava em três milhões (3.000.000) o
número dos lares consagrados ao Divino Coração. O espirito desta obra é duplo.
É DE AMOR. Quer Jesus que tenhamos fé no seu coração e
nas suas promessas. Seu amor para conosco reclama amor para com Ele. Amor com
amor se paga!
É DE REPARAÇÃO. Pela
entronização de Jesus num lar cristão devem ser
reparados, quanto possível, os atentados do mundo corrompido contra a santidade
da família e contra a soberania do Redentor que deve ser Rei de todos os
corações.
***
- Darei paz ás famílias e abençoarei as casas onde estiver exposta e for
venerada a minha sagrada imagem.
Em vista destas tão valiosas promessas, quem não se interessaria pela
entronização do Sagrado Coração de Jesus nos lares?...
Amigos, mãos à obra, mormente neste mês de junho, consagrado de um
modo todo peculiar ao Coração Divino! Amigos, todos a posto, pela santificação
da família e pela difusão do reinado de Cristo! Todos, mãos à obra!...
*****
Frei Bemvindo Destéfani, O.F.M [publicado no Jornal O lar católico, edição de 3 de junho de 1934].
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