quinta-feira, 14 de maio de 2020

A “Regina coeli”


Refere Baronio que no 590 de Jesus Cristo a cidade de Roma foi devastada pela peste de um modo tão terrível que houve fundamento para receiar-se que aquela cidade se convertesse depressa em um vasto túmulo.
Tendo sucumbido a esta cruel enfermidade o Papa Pelagio II, foi eleito para lhe suceder S. Gregório, chamado Magno. Este Santo Pontífice, vendo que se achavam esgotados todos os recursos e precauções humanas, e que a peste aumentava todos os dias seus estragos, tomou a deliberação de se voltar inteiramente para a Mãe de Deus.
Ordenou, pois, que o clero e povo fossem em procissão à Igreja de Santa Maria Maior, e que se levasse por toda a cidade a imagem da Santíssima Virgem, que se julga ter sido pintada por S. Lucas.
Era tal a violência do mal que morreram oitenta pessoas durante a procissão. Deixou-se, enfim, Deus abrandar pelas lágrimas e suplicas do Santo pastor e do seu desolado rebanho.
Antes do fim da procissão viu-se, como no tempo de Davi, sobre a torre de Adriano, chamada depois o Castelo de Sant’Angelo (do Santo Anjo) em memória deste acontecimento, um Anjo revestido de forma humana, que metia na bainha uma espada ensanguentada; e desde logo cessou inteiramente a peste.
Ouviram-se ao mesmo tempo vozes no ar cantando estas palavras: Regina coeli, laetare, aleluia; quia quem meruisti portare, alleluia; resurrexit sicut dixit, aleluia, que significam: “Rainha do céu alegrai-vos, aleluia; porque aquele que mereceste trazer em vosso seio, aleluia: ressuscitou como disse, aleluia”.
O Santo Pontífice acrescentou logo: Ora pro nobis, alleluia. “Rogai por nós, aleluia”.
Era então tempo de Páscoa; e por isso desde então a Igreja canta esta antífona em honra da Santíssima Virgem nesse santo tempo.

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