quinta-feira, 14 de maio de 2020

Pe. José de Anchieta: bastião da nacionalidade


Não é só o colossal jequitibá, o gigante das nossas florestas; não é só a frondosa figueira, a soberana das nossas selvas; não é só a perfumada flor dos nossos vergéis; não é só o canto melodioso do sabiá, nas horas melancólicas do crepúsculo; não é só o clangor metálico da araponga; não é só o ribombar das cachoeiras que se despenham frementes: não será somente isso que nos torna querida esta nossa bem-fadada Terra da Santa Cruz.
Para quanto, nossa história pátria possui algo de mais encantador.
São os vultos históricos que se esmeraram enquanto tinham para erguer e cimentar o magnífico edifício da Pátria, tornando-a respeitada no convício dos povos.
Um destes personagens proeminentes que cimentaram os alicerces da Pátria foi, sem dúvida, o venerável Padre José de Anchieta.
Afirmava o abalizado escritor Theodoro Sampaio:

- “O Padre José de Anchieta foi um dos homens mais eminentes que colaboraram na fundação da nossa querida Pátria, não só procurando reduzir pela religião e civilização os indígenas ao preceito do bem e do justo, como derramando instrução entre europeus e americanos.
“Seu máximo empenho era a educação dessas crianças que os pais incultos lhe entregavam.
“Ao ensino das artes, ao rudimento das letras, fazia-lhes seguir a prática dos atos religiosos.
“Não compreendia o saber sem os exercícios de piedade que fortificam e elevam o coração. Para isso, as festas se multiplicavam singelas, santas. Pela tarde, eis, o padre Anchieta à frente de um bando de crianças, empunhando a cruz, correndo as ruas, entoando cânticos sagrados.
“Ei-los que passam, esses filhos das selvas, na sua marcha triunfal, através da aldeia que corre, em peso, para saudá-los. Aqui, grupos alegres que tomam por atalhos na sôfrega intenção de revê-los. Além, mulheres que voltam da fonte. Homens robustos que regressam à casa. Velhos que assomam às portas da cabana.  Todos se detêm. Todos acodem para ver a pequena legião, onde cada qual distingue alguns dos seus.
“Vendo-os passar, essa corte de neófitos que se recolhe cantando, quem não diria, se pudesse ler no provir, como hoje lemos, neste passado distante:
- Ali vai a salvação da raça da América. Ali vai a grande da Pátria, a bandeira do futuro!...”

As crianças assim ensinadas por Anchieta, tornavam-se apóstolos em casa de seus pais.
Não contente com a catequização das crianças, Anchieta corria as aldeias. Visitava cabanas isoladas. Embarcava-se pela fria madrugada em frágil canoa. Penetrava na selva e conseguia o arrependimento dos criminosos foragidos.
Se à beira do caminho surpreendia a inocência nas anciãs da morte, a fé de Anchieta não tolerava que uma alma se perdesse por falta de recurso não suprida. O lenço, embebido no orvalho matutino, como as gotas colhidas entre as folhas das bromélias cor de ouro, davam-lhe água para a remissão pelo batismo.
De José de Anchieta canta, por isso, inspirado vate:

“O índio bravo, o tamoio tão ativo,
Humilde tuas ordens respeitava,
Seguia teu exemplo!...
Toda a turba corria ao rude templo
Para ouvir teu verbo que ateava
Da fé o fogo vivo!...”

De sua vida apostólica, desta vida de sacrifícios incontáveis, verdadeira epopeia do Evangelho, vitória palpável do espírito sobre a natureza, o venerável padre Anchieta dedicou quarenta longos anos a bem da Pátria e da Religião.
Na confusão da hora presente em que, surda e abertamente, se trama contra a estabilidade da Pátria e da Religião, é altamente consolador relembrar o vulto do venerável Anchieta que, a golpes de sacrifícios inauditos, procurou cimentar o edifício da Pátria e da Religião. No momento tenebroso em que vivemos; neste instante ameaçador em que, de um lado, se desfralda a bandeira Cristo e a Igreja e, de outro lado, a sinistra bandeira Satanás e Moscou, é sumamente necessário recordar os vultos proeminentes da nossa história que, abnegadamente, deram o melhor de suas energias para alicerçar os fundamentos da nossa Pátria e da nossa Religião. A hora reclama atitudes claras, definidas, corajosas. Brasil ou Moscou! Cristo e a Igreja ou senão Satanás e o comunismo arrasados! O dilema é inexorável! Não há por onde fugir!

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FREI Benvindo Destéfani O.F.M. Cimentando o edifício da Pátria (14 de novembro de 1937).

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