sábado, 30 de maio de 2020

O demônio da apostasia (Pe. Roger-Thomas Calmel)


“Todos os hereges de séculos passados, até o século XVI inclusive, afirmavam e mantinham uma Igreja distinta do mundo. (...) Jamais lhes veio ao espírito que a civilização – o circo das civilizações, como dizia o poeta -, as revoluções dos impérios, e todo o futuro da humanidade, era isso o que constituía a Igreja. (...) Os hereges antigos não tinham ainda submergido Deus e seu Cristo na história humana; confundido o Deus imutável e três vezes santo, e seu Filho encarnado Jesus, com o mundo que se organiza e a humanidade que, aparentemente pelo menos, se torna senhora dos mecanismos da matéria, da vida e da sociedade. Estas aberrações só deveriam vir ao espírito dos falsos profetas modernos. Os antigos hereges estavam em rebelião contra a fé e contra a Igreja a respeito de tal ou qual ponto de vista da Revelação, eles não eram apostatas da fé da Igreja. Eles não tinham tentado transferir a Igreja, faze-la descer, afundá-la numa esfera que não e da vida eterna, dos bens celestiais e de sua preparação aqui embaixo. Qualquer que seja a necessária iluminação e purificação das realidades terrestres pela luz e graça divinas, os antigos hereges estavam longe de pensar que o objeto próprio da fé e da Igreja consistisse nas realidades terrestres e na sua transformação. Os antigos hereges pecavam por heresia; em nossos dias é o demônio da apostasia que avança na direção dos fiéis a passos cadenciados; um grande número já começou a entreabrir-lhe a porta de sua alma”.
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Pe. Roger-Thomas Calmel O.P. (1914-1975)Teologia da História.


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