“Todos os hereges de
séculos passados, até o século XVI inclusive, afirmavam e mantinham uma Igreja
distinta do mundo. (...) Jamais lhes veio ao espírito que a civilização – o circo
das civilizações, como dizia o poeta -, as revoluções dos impérios, e todo o
futuro da humanidade, era isso o que constituía a Igreja. (...) Os hereges antigos não tinham ainda submergido Deus e seu Cristo na
história humana; confundido o Deus imutável e três vezes santo, e seu Filho
encarnado Jesus, com o mundo que se organiza e a humanidade que,
aparentemente pelo menos, se torna senhora dos mecanismos da matéria, da vida e
da sociedade. Estas aberrações só deveriam vir ao espírito dos falsos profetas
modernos. Os antigos hereges estavam em rebelião contra a fé e contra a Igreja
a respeito de tal ou qual ponto de vista da Revelação, eles não eram apostatas
da fé da Igreja. Eles não tinham tentado
transferir a Igreja, faze-la descer, afundá-la numa esfera que não e da vida
eterna, dos bens celestiais e de sua preparação aqui embaixo. Qualquer que
seja a necessária iluminação e purificação das realidades terrestres pela luz e
graça divinas, os antigos hereges estavam longe de pensar que o objeto próprio da
fé e da Igreja consistisse nas realidades terrestres e na sua transformação. Os
antigos hereges pecavam por heresia; em nossos dias é o demônio
da apostasia que avança na direção dos fiéis a passos cadenciados; um grande
número já começou a entreabrir-lhe a porta de sua alma”.
***
Pe. Roger-Thomas Calmel O.P. (1914-1975). Teologia da História.
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