Após falar do suposto
direito de liberdade de culto como direito inalienável, é necessário falar da
tolerância, pois a tolerância dos falsos cultos é também doutrina da Igreja. O
Estado Católico deve, com efeito, suportar os males que ele não pode suprimir,
como é o caso das falsas religiões. Estas podem ser reprimidas e combatidas,
mas nem sempre é possível suprimi-las, sobretudo hoje em dia.
O que fazer neste
caso? Neste caso as falsas religiões devem ser toleradas. Tolerar não é aprovar nem dar
direitos propriamente ditos a essas falsas religiões; só o bem e a verdade podem
ser objeto de verdadeiros direitos.
O mesmo deve ser dito
da liberdade de expressão. É melhor suportar alguns males do que suscitar
outros maiores. Liberdade de expressão, liberdade de ensino: eis liberdades modernas,
fundadas em princípios revolucionários.
No entanto, existe
uma liberdade de ensino legítima, que fez Santo Alberto Magno e Santo Tomás de
Aquino ensinar a filosofia de Aristóteles nas universidades, o que pareceu a
alguns abuso de liberdade, e não era, evidentemente. Mas há outra que é maliciosa
e pervertedora das almas. Mesmo neste caso, há ocasiões em que se deve tolerar
esse mal, enquanto não se pode, por exemplo, fechar certas universidades.
Quanto à sociedade moderna, ela é herdeira da
revolução ou mesmo fruto da revolução, mas tem ainda alguns restos de
civilização.
Enquanto tem esses restos de civilização, ela tem algo de bom; e ela é perversa
enquanto herdeira dos revolucionários, os quais não nos trazem nada de bom. O que
há de bom na sociedade moderna vem do Catolicismo; o que ela tem de
realmente próprio é a revolução, na medida em que se reclamam da Revolução
Francesa, da Constituição Americana e da Declaração dos Direitos do Homem.
Que o Imaculado
Coração nos ajude a nos preservar dos erros com os quais a Revolução, através da
Rússia Soviética e do Ocidente e, sobretudo, da Igreja Conciliar, não cessa de
perverter as inteligências, as vontades e os corações de nossos contemporâneos,
atingindo nossos familiares e amigos.
Nova Friburgo, 19 de
maio de 2020
† Tomás de Aquino
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