A barquinha da nossa
vida navega rumo à eternidade, nosso último destino. A sorte na eternidade pode
ser dupla: feliz no céu ou infeliz no inferno, conforme nos encontrou o golpe
da morte em estado de graça com Deus ou em estado de inimizade com o Criador,
pelo pecado mortal.
O pecado original é
tirado da alma pelo lavacro do batismo. Os pecados mortais, cometidos depois do
batismo, por via normal, são tirados da alma pelo sacramento da Penitência.
Daí a imensa
importância da confissão sacramental. Não será exagero afirmar que para a maior
parte dos católicos adultos nela anda a vida ou a morte, o céu ou o inferno.
Pelo pecado grave
ficam cerradas ao pecador as portas do céu, assim como pelo pecado original
ficaram trancadas as portas do paraíso, do qual foram expulsos Adão e Eva. Ao
contrário, pela digna e frutuosa recepção do sacramento da Penitência abrem-se ao
penitente as portas do céu, motivo por que a confissão foi denominada, com
muito acerto, a chave do paraíso.
Se o pecador tiver só
pecados leves, ainda neste caso a confissão sacramental pode ser considerada a
chave do paraíso, porque lhe remite as culpas veniais de que se arrependeu, e
aumenta-lhe a graça santificante, que é garantia da vida eterna.
- Não
possuímos morada permanente neste mundo; mas vamos buscando a futura!.
Ingressamos na
eternidade pela porta da morte. Nesta hora suprema, constituirá máximo consolo,
se pudermos dizer:
-
Minhas confissões foram sempre bem feitas. Esta, derradeira, me abrirá a
entrada ao céu!
Nesta convicção,
encararemos a morte sem pestanejar. Será o raiar da aurora da vida imortal !
...
Frequentando os
estudos em Paris, Gabriel Garcia Moreno
encontrou-se certa noite com amigos que comentavam animadamente um caso
recente. Falecera um homem que recusara, até ao último suspiro, os socorros da
religião. Uns aprovavam, outros desaprovavam a impenitência obstinada daquele desventurado.
Gabriel
Garcia Moreno
condenou desassombradamente a contumácia do finado, quando um dos presentes o
interpelou abertamente:
"Se
tu és partidário da confissão, declarando-te publicamente católico, então
dize-nos: quando te confessaste a última vez?”
Este desafio teve o
efeito de um raio na alma juvenil de Gabriel
Garcia Moreno. Comovido, aterrado, envergonhado, retirou-se da roda de
amigos, sem proferir palavra.
Pois a consciência o
acusava de ser um retardatário até com a desobriga pascal. Na manhã seguinte,
saiu em procura de um sacerdote.
Fez uma confissão
geral e o inabalável propósito de confessar-se, regularmente, todos os meses.
Mais tarde, foi eleito presidente da república do Equador, conservando
inconcusso costume de aproximar-se, mensalmente, do tribunal da Penitência.
Mesmo no dia 6 de agosto de 1875, manhã em que Gabriel Garcia Moreno, varado de balas, tombava vítima de horrendo
atentado, ele, tinha recebido a sagrada comunhão, após ter antes acusado suas
faltas no sacramento da Penitência.
* * *
Dignamente recebida,
a confissão sacramental foi, no perpassar dos séculos, para inúmeros cristãos,
a chave do paraíso, que lhes abriu as portas do céu! ...
***
Frei Benvindo Destéfani, O. F. M. O
santo Sacramento da penitência, Petrópolis: Vozes, 1934, pp. 12-15.
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