quinta-feira, 21 de maio de 2020

O santo Sacramento da penitência

- Não possuímos morada permanente neste mundo; mas vamos buscando a futura (Hebr 13, 14).
A barquinha da nossa vida navega rumo à eternidade, nosso último destino. A sorte na eternidade pode ser dupla: feliz no céu ou infeliz no inferno, conforme nos encontrou o golpe da morte em estado de graça com Deus ou em estado de inimizade com o Criador, pelo pecado mortal.
O pecado original é tirado da alma pelo lavacro do batismo. Os pecados mortais, cometidos depois do batismo, por via normal, são tirados da alma pelo sacramento da Penitência.
Daí a imensa importância da confissão sacramental. Não será exagero afirmar que para a maior parte dos católicos adultos nela anda a vida ou a morte, o céu ou o inferno.
Pelo pecado grave ficam cerradas ao pecador as portas do céu, assim como pelo pecado original ficaram trancadas as portas do paraíso, do qual foram expulsos Adão e Eva. Ao contrário, pela digna e frutuosa recepção do sacramento da Penitência abrem-se ao penitente as portas do céu, motivo por que a confissão foi denominada, com muito acerto, a chave do paraíso.
Se o pecador tiver só pecados leves, ainda neste caso a confissão sacramental pode ser considerada a chave do paraíso, porque lhe remite as culpas veniais de que se arrependeu, e aumenta-lhe a graça santificante, que é garantia da vida eterna.
- Não possuímos morada permanente neste mundo; mas vamos buscando a futura!.
Ingressamos na eternidade pela porta da morte. Nesta hora suprema, constituirá máximo consolo, se pudermos dizer:
- Minhas confissões foram sempre bem feitas. Esta, derradeira, me abrirá a entrada ao céu!
Nesta convicção, encararemos a morte sem pestanejar. Será o raiar da aurora da vida imortal ! ...
Frequentando os estudos em Paris, Gabriel Garcia Moreno encontrou-se certa noite com amigos que comentavam animadamente um caso recente. Falecera um homem que recusara, até ao último suspiro, os socorros da religião. Uns aprovavam, outros desaprovavam a impenitência obstinada daquele desventurado.
Gabriel Garcia Moreno condenou desassombradamente a contumácia do finado, quando um dos presentes o interpelou abertamente:
"Se tu és partidário da confissão, declarando-te publicamente católico, então dize-nos: quando te confessaste a última vez?”

Este desafio teve o efeito de um raio na alma juvenil de Gabriel Garcia Moreno. Comovido, aterrado, envergonhado, retirou-se da roda de amigos, sem proferir palavra.
Pois a consciência o acusava de ser um retardatário até com a desobriga pascal. Na manhã seguinte, saiu em procura de um sacerdote.
Fez uma confissão geral e o inabalável propósito de confessar-se, regularmente, todos os meses. Mais tarde, foi eleito presidente da república do Equador, conservando inconcusso costume de aproximar-se, mensalmente, do tribunal da Penitência. Mesmo no dia 6 de agosto de 1875, manhã em que Gabriel Garcia Moreno, varado de balas, tombava vítima de horrendo atentado, ele, tinha recebido a sagrada comunhão, após ter antes acusado suas faltas no sacramento da Penitência.
* * *
Dignamente recebida, a confissão sacramental foi, no perpassar dos séculos, para inúmeros cristãos, a chave do paraíso, que lhes abriu as portas do céu! ...
*** 
Frei Benvindo Destéfani, O. F. M. O santo Sacramento da penitência, Petrópolis: Vozes, 1934, pp. 12-15.



Nenhum comentário:

Postar um comentário